No século 19, quando os pesquisadores precisavam incluir números aletórios em seus trabalhos científicos, eles jogavam moedas, rolavam dados, embaralhavam cartas, pegavam fichas com números de dentro de urnas ou reutilizavam dados de censos. Em 1927, L.H.C. Tippett publicou uma tabela com 41.600 números aleatórios obtidos com a extração de números centrais dos códigos de área de comunidades religiosas na Inglaterra. Ninguém em sã consciência imaginaria, no começo do século passado, a publicação de um livro com apenas números impressos em suas páginas, mas isso mostrou como é importante esse campo da estatística. Não é à toa que, a cada dia, surgem na Internet concursos para o desenvolvimento do "gerador de números aletórios mais rápido do oeste". Já foi traduzido para o português o livro "Aleatoriedade", de Deborah J. Bennett, um tratado sobre o assunto. Sinopse: As estatísticas que descrevem o mundo probabilístico estão por toda a parte, a maioria dos seres humanos se deparam com o acaso diariamente. Um terço das pessoas não sobrevive ao primeiro ataque cardíaco, a probabilidade de uma coincidência no DNA é de 1 em 100 bilhões, quatro em cada dez casamentos nos Estados Unidos terminam em divórcio. Difundem-se médias de rebatidas no beisebol, pesquisas políticas e previsões do tempo, mas não um entendimento dos conceitos subjacentes a essas estatísticas e probabilidades. Tudo isso para comentar "Reflexão", o trabalho de Raquel Kogan para o Rumos Transmídia, em exposição até o dia 21 de setembro no Itaú Cultural. A artista criou uma "cascata de números" que é refletida num espelho d'água ao longo da base da projeção. É um trabalho instigante, que lembra a cachoeira de códigos rúnicos do filme Matrix (obs.: o trabalho de Raquel é anterior ao filme). Mauro Rubens da Silva, psicólogo que desenvolve softwares de realidade virtual para a área clínica, ficou tão comovido que enviou ontem ao Itaulab um gif animado, um híbrido entre Matrix e "Reflexão". UPDATE 1: Mauro Rubens da Silva enviou uma retificação: Não desenvolvi ou desenvolvo softwares de realidade virtual para a área clínica, apenas pesquisei a área e experimentei (passado) com os parcos recursos e pouco tempo que tive (três meses) uma abordagem não imersiva em CD apropriada e possível para o BR fazendo um CD para acompanhar a dissertação. Tratou-se do Communication Technology Laboratory - CTL num esforço colaborativo (também importante para BR) de vários departamentos da Michigan State University sobre câncer. UPDATE 2: René de Paula Jr. apontou para uma matéria da Wired sobre uns caras que geram números aleatórios usando lavalamps e agora... webcams tapadas. 2:24:09 PM |
Ontem foi a festa de abertura do FILE. Tirante os problemas, todos reconhecem que Ricardo Barreto tira leite de pedra. Muitas idéias, poucos recursos. Em meio a cacofonia instalada no Paço das Artes, uma grata surpresa: Derek Holzer e sua turma do Acoustic.Space.Lab estão transformando o radio-telescópio RT-32, aparato de espionagem da KGB desativado em 1994, num grande laboratório de projetos de mídia arte. Sensacional. 11:50:01 AM |