Orelha do livro "Hamlet no Holodeck", que será lançado durante a exposição Game o quê?
Todos nós sabemos o que esperar de narrativas contadas através dos meios de comunicação tradicionais, como literatura impressa, cinema ou televisão. São histórias apresentadas em linguagens próprias, que permanecem idênticas não importa quantas vezes as ouçamos, leiamos ou assistamos a elas. Nossa percepção dessas histórias pode até mudar, porém nós mesmos não podemos interferir com elas. Somos seus espectadores.
Mas o que esperar de um meio que seja tanto interativo quanto imersivo - ou, nas palavras de Janet Murray, "procedimental, participativo, espacial e enciclopédico"?
Tal meio existe e faz parte do nosso dia-a-dia. Ele está presente nos computadores pessoais e possibilita a existência da Internet, dos games, enfim, do ciberespaço. As informações nesse meio não são armazenadas como pontos de tinta no papel, nem como cristais sensibilizados em película. São unidades binárias, zeros e uns que podem ser processados em tempo real de acordo com comandos do usuário. Essas características permitem-nos ir além de simplesmente ouvir, ler ou assistir às histórias. O meio digital torna possível participar dessas narrativas, interagir com elas, vivê-las.
Entretanto, desenvolver uma linguagem narrativa para esse novo meio é um grande desafio. Como contar histórias com as quais se pode interagir, que podem ser alteradas por quem delas participa? De quais assuntos e personagens tratarão as narrativas do meio digital? Esses são alguns dos temas de "Hamlet no Holodeck", um estudo sólido e instigante do que a narrativa do futuro nos reserva.
(via Marcos Cuzziol)