terça-feira, 8 de julho de 2003

Já começaram os preparativos para Game o quê?, a primeira exposição no País a explorar a história e a cultura dos videogames. O coordenador do curso "Design e Planejamento de Games" da Anhembi Morumbi, Delmar Galisi, esteve hoje aqui no Itaú Cultural para participar de um bate-papo. A Anhembi Morumbi foi a primeira universidade a criar um curso de graduação na área de games no estilo Digipen, a universidade de games localizada nos EUA. "Pesquisamos o modelo da Digipen, mas tivemos que realizar algumas adaptações voltadas para realidade local", disse Galisi. Considerado uma herança do curso de design digital, o curso de games ficou em gestação durante dois anos, e naquela época já havia indícios sobre a necessidade de se criar um curso deste porte. Dimitri Kozma, por exemplo, é um ex-aluno da Anhembi Morumbi que abriu uma empresa de games, a Orbe Midia.

A grande demanda -- oito pessoas concorreram por cada uma das 36 vagas do curso -- mostra uma tendência. Ontem, por exemplo, a mídia divulgou o lançamento do International Game Institute (IGI), uma escola de games fruto da parceria entre a Monkey Franquias e a Tulipa Learning Center. Segundo a empresa, o IGI contou com um investimento de R$ 250 mil e está integrado à Mega Monkey, uma "mega" Lan House, que será inaugurada em meados de julho, no bairro de Santana, em São Paulo (SP). O espaço de quatro andares e mais de 180 microcomputadores ligados em rede, contou com um investimento de R$ 1,2 milhão pelo Grupo Monkey.

A conversa com Galisi evoluiu para as implicações do fenômeno dos jogos eletrônicos. Por exemplo, existe um fazer artístico no desenvolvimento de games? Neste sentido, foi mencionado o Q4U, jogo desenvolvido pelo artista chinês Feng Mengbo para a décima primeira edição da Documenta, em Kassel. O artista simplesmente modificou o Quake 3 e habitou o mundo do game com versões em 3D de Mengbo carregando câmeras de vídeo e rifles de plasma e se comportando como no jogo original: matando ou morrendo. A diferença é que, neste caso, o fator gore está envolto numa aura de "glamour".

Outra questão levantada no bate-papo com Galisi foi a falta de casos de games pedagógicos de qualidade. A resposta é simples: o complexo militar e de entretenimento está monopolizando a mão de obra. Existem iniciativas tímidas, como as propostas pela Immersive Education, mas os jogos produzidos por essa empresa inglêsa têm ranços da educação tradicional. Talvez seja mais interessante o conceito de The Monkey Wrench Conspiracy, produzido pela empresa Duke Engineering and O'Reilly & Associates. A conferir.

O resultado do bate-papo foi bem positivo. Galisi afirmou que a iniciativa do Itaú Cultural é absolutamente válida e está sendo realizada no momento certo. O aspecto lúdico dos jogos é um aspecto importante a ser discutido durante a exposição, pelo simples fato de os jogos eletrônicos serem uma evolução dos jogos tradicionais de tabuleiro. Aliás, uma exposição de jogos tradicionais, lembrou Galisi, já foi apresentada no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A exposição Game o quê? seria então, em última análise, seu desdobramento lógico e legítimo.
3:17:12 PM    

O site Outerspace publicou a resenha de Deer Hunter 3, jogo da Infogrames/Atari bem no estilo "temporada de caça aos animais". Foi desenvolvido por uma produtora do Rio Grande do Sul, a Southlogic, ex Jack in the Box. São deles o game de tabuleiro Othelo e o inacabado Aquarius, que foi exibido no Pentium III Preview Day juntamente com o IV2, da Perceptum. Aquarius seria um game de estratégia em tempo real com cenários 3D e engine próprio. Ao apresentá-lo à Atari, o comentário foi algo como: "Não estamos interessados num game RTS, mas gostamos bastante de suas florestas. Que tal fazer um game de caça?". (via Marcelo Gabarra Marcati e Marcos Cuzziol)

tari
10:10:57 AM