O psicólogo Jung chamaria este fenômeno de "sincronicidade". No mesmo dia em que cientistas da NASA levantaram a hipótese de que o universo é finito e tem a forma de uma bola de futebol, aconteceu no Itaú Cultural o encontro "Arte e Física", o segundo do Ciclo Arte, Ciência & Tecnologia, série do programa Interatividades 2003. Na verdade, a palavra "arte", poderia ter sido trocada por "música", pois os dois palestrantes - Flo Menezes e Eufrasio Prates - são notórios pesquisadores da chamada "música especulativa" e suas relações com o mundo quântico. Nada mais apropriado, pois a satélite WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) está perscrutando a radiação cósmica de fundo e outros resquícios do Big Bang, como alguns sons peculiares gerados a partir da grande explosão que deu origem ao universo. Menezes, que acredita em elos e paralelos entre os dois campos, lembrou que, na música erudita contemporânea, a decomposição é mais importante que a composição e que, apesar de serem interdependentes, os elementos básicos da música - freqüência, ritmo, forma - devem fugir do ruído branco e seguir um caminho em direção a luminosidade plena. Em seguida, Eufrásio Prates discorreu sobre a organicidade da música e comentou de maneira jocosa como ficou orgulhoso quando, em outra ocasião, um ouvinte comparou uma de suas peças musicais com o som emitido pelo estômago humano. Digno de nota foi Prates não ter usado o famigerado PowerPoint em sua palestra, e sim o The Brain, um programa de computador mais apropriado para coligir conceitos e idéias. Em resumo, os dois músicos foram bastante felizes em suas exposições e conseguiram transmitir a mensagem de que a música é, em última instância, a "matemática dos afetos". Depois da exposição de ontem, as obras do incrível compositor Ryoji Ikeda começaram a fazer mais sentido. Principalmente as composições do CD "Matrix", cujas faixas estão são elencadas assim: 1- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 11:14:33 AM comente [] |